É falso que papa Francisco disse que apresentará um líder global em 2022
- 04/06/2021
Por Marco Faustino
Não é verdade que o papa Francisco anunciou que irá reunir líderes mundiais em uma conferência para apresentar um líder global em 2022, como afirmam postagens nas redes sociais (veja aqui). Ao analisar os pronunciamentos oficiais do pontífice e entrevistas recentes, Aos Fatos não encontrou essas palavras nem qualquer menção a reuniões internacionais para esta finalidade.
Postagens no Facebook com a informação enganosa reuniam ao menos 1.500 compartilhamentos nesta quarta-feira (2) e foram marcadas com o selo FALSO da ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona).
Publicações que vêm circulando nas redes afirmam que o papa Francisco teria dito que apresentará um líder global ao mundo em 2022 - o que é falso. No texto das postagens, é mencionado que o pontífice reunirá líderes mundiais para anunciar uma nova liderança capaz de transformar questões de sustentabilidade e “criar um novo sistema de segurança social e cibernético capaz de proteger o mundo de qualquer ameaça”.
Nenhuma das afirmações, no entanto, foram localizadas por Aos Fatos em falas do pontífice no site do Vaticano e no portal de notícias da Santa Sé. Pesquisas em mecanismos de busca também não revelaram qualquer referência às alegações que constam nas peças de desinformação.
Na carta encíclica Laudato si, em 2015, Francisco citou uma fala do seu antecessor, Bento 16, sobre a necessidade de uma autoridade de política mundial para “garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios”, mas não disse que apresentaria essa liderança, tampouco usou a expressão “nova ordem mundial”.
“Neste contexto, torna-se indispensável a maturação de instituições internacionais mais fortes e eficazmente organizadas, com autoridades designadas de maneira imparcial por meio de acordos entre os governos nacionais e dotadas de poder de sancionar”, escreveu o papa.
Com base nesta carta, o jornal britânico The Independent noticiou que Francisco havia clamado por um novo sistema de governo global para enfrentar as mudanças climáticas, e as classificou como uma “ameaça mundial sem precedentes”.
O pontífice voltou a abordar temas semelhantes em entrevista ao jornalista italiano Domenico Agasso, que consta no livro Dio e il mondo che verrà, lançado em março deste ano. Na conversa, o papa mencionou que a construção de uma nova ordem mundial baseada na solidariedade seria um fator importante para curar a injustiça no mundo.
O estudo de métodos para acabar com o bullying, a pobreza e a corrupção também ajudariam a gerar essa transformação, na opinião do papa, mas não houve qualquer menção a apresentar um líder global, nem a qualquer conferência na qual isso seria realizado.
Esta peça de desinformação também foi checada pelo Boatos.org.
Referências:
1. Site do Vaticano (Fontes 1 e 2)
2. Vatican News (Fontes 1 e 2)
3. The Independent